domingo, 16 de novembro de 2014

A real besta lusitana cumpre o seu dever patriótico, missão de serviço público, ao satisfazer (sabe lá ele!) a madame Agnès que foi decentemente lubrificada (lábios, língua e dedos) antes de ganhar velocidade

  «Afonso sai do banho, “ainda molhado de água” (o detalhe do “molhado de água” é importante), e avança de novo, mas alguém a bater à porta, possivelmente um ferroviário da CP, “obrigou-o a travar o comboio em marcha”. Era, afinal, a empregada a trazer o jantar, cassoulet de cordeiro que o capitão ingere sofregamente, como um porco, entre “grunhidos de apreciação”. No final, enfartado, arrotou (p. 403). E, mal arrotou, pousou o tabuleiro no chão e atirou-se à baronesa, arrancando-lhe o vestido de mousseline e penetrando-a “sem demora”. Madame Agnès encontrava-se “ainda mal lubrificada”, mas isso pouco importa àquela real besta lusitana, que se põe “logo a urrar”, após o que, recolhida ao estábulo, adormece e ronca, dormindo “como uma pedra”. Só acordaria a meio da tarde, aviando de imediato um canard à l’orange servido com arroz. Querendo mais festa, ela acalma-lhe os ânimos, mas de forma elegante: “Oh, lá estás tu na brincadeira, não se pode falar a sério contigo.” Mas, senhora baronesa, quem é que entra num livro do Rodrigues dos Santos para falar a sério? Basta dizer que, terminado o pato com laranja (sem arroto, par une fois), o capitão Brandão sentiu ser “seu dever patriótico de oficial cimentar a fama dos machos portugueses junto da comunidade feminina francesa no campo da batalha do amor” (p. 407). No cumprimento dessa missão de serviço púbico, Afonso começou por proceder ao levantamento do campo de batalha, explorando Agnès com os lábios, com a língua e com os dedos, “muito devagar”; numa subtil manobra, contornou-lhe as curvas macias, procurou-lhe os pontos erógenos e, de seguida, excitou-a e lubrificou-a. Arrancou-lhe a roupa, mas com suavidade, “peça a peça”, e “foi lento e metódico até entrar dentro dela” (a qual, provavelmente, adormecera entretanto). Depois, ambos “ganharam velocidade” e, a toda a brida, juntaram-se como “corpos em fogo”. Navegaram um no outro em vagas turbulentas de paixão, com as águas a agitarem-se com fragor, até que “a francesa (…) se declarou satisfeita”.» http://malomil.blogspot.pt/.../rodrigues-dos-santos...

1 comentário: