sexta-feira, 23 de maio de 2014

Homenagem às Mulheres da Revolta do Leite -1936

Nesta revolta popular, as mulheres lutaram ao lado dos homens na defesa dos seus justos direitos, contra o autoritarismo do regime e as medidas lesivas que este procurava impor, sofrendo de igual maneira as consequências da repressão que se abateu sobre quem ousou levantar a voz contra a Ditadura. Estiveram na primeiralinha da insurreição, atuando com combatividade e determinação. 
Dezenas foram presas e sujeitas a tratamento degradante, nos interrogatórios e na detenção, das quaisse destacam, entre outras, Augusta Mendes, Conceição Freitas Caldeira, Josefina de Freitas Caldeira, Virgínia de Freitas Caldeira, Carolina Fernandes Caniço, Isabel Castro, Maria Cezária, Rosa da Conceição, Perpétua da Conceição, Maria da Corte, Teresa da Corte, Maria Gomes Duarte, Augusta da Encarnação, Carolina Gonçalves Farinha, Rosa Fernandes, Agostinha de Freitas, Rosa de Freitas, Georgina Franco de Freitas, Maria Gomes, Ana de Gouveia, Maria Gonçalves Jardim, Luísa de Jesus, Luzia de Jesus, Maria de Jesus, Maria José, Virgínia Gomes Luís, Maria Marques, Maria Mendonça, Libânia Nunes, Sofia Nunes, Rosa Pereira, Matilde da Ponte,  Maria do Sacramento, Maria da Silva, Iria de Sousa e Cristina Teixeira; presas, constituídas arguidas e, embora não condenadas, algumas passaram cerca de um ano na Cadeia do Funchal. 

E dez delas foram alvo de “tratamento especial” por parte do regime fascista, com transferência para o Continente, julgamento e condenação em Tribunal Militar Especial e posterior cumprimento de pena de prisão na“Cadeia das Mónicas”, em Lisboa: Ludovina de Jesus da Corte, Agostinha da Câmara, Francisca Andrade, Maria de Jesus Silva, Maria Rosa de Abreu, Maria de Jesus Andrade, Conceição da Câmara Rodrigues, Tereza da Corte, Virgínia de Jesus e Maria de Souza. 

Pela sua coragem, pela sua luta por melhores condições de vida e contra a prepotência do Fascismo e pelo sofrimento e degradação a que foram submetidas, estas mulheres merecem, assim, a justa homenagem e reconhecimento que lhes é devido pela Região Autónoma da Madeira.

Assim, em conformidade com a Constituição da República Portuguesa e com o Estatuto Político -Administrativo da Região Autónoma da Madeira, e de acordo com o Regimento, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira delibera homenagear publicamente as mulheres madeirenses participantes na “Revolta do Leite” de 1936, que estiveram na primeira linha da combatividade e determinação, que foram presas e torturadas, vexadas e sujeitas a regime prisional degradante, prestando -se, assim, 
um tributo público em nome desta Região às mulheres madeirenses que, na “Revolta do Leite”, mais sofreram adura repressão e, em especial, as dez mulheres enviadas para o Continente, julgadas e condenadas em Tribunal Militar Especial, e, que cumpriram pena na “Cadeia das Mónicas”, em Lisboa. 

Aprovada em sessão plenária da Assembleia Legislativa 
da Região Autónoma da Madeira em 4 de julho de 2013. 

O Presidente da Assembleia Legislativa, José Miguel Jardim Olival de Mendonça. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Duche profilático

Está uma gaja a precisar de uma bicha do chuveiro. Objecto singular. Articulado e o mais das vezes brilhante. Decide por isso ir à loja dos chineses do bairro. Toma essa opção não só pelas características do objecto que procura e pelo cálculo da relação custo/qualidade mas porque a Loja dos Chineses é a que honra de uma assentada os valores do trabalho e da família. Comprova a boa relação entre custo e qualidade e quando retira da embalagem a bicha que é fácil de montar e não apresenta segredos descobre esta imagem no fundo. Escondida à espera de ser revelada como os desenhos no fundo do prato da sopa do bebé. 

       

A bicha do chuveiro foi importada e embalada em Samora Correia. Inventaram-lhe um nome inovador e juntaram a imagem de um espécime de nós antes ou depois de ir para o banho. A imagem do corpo da mulher não serve para vender este produto porque ela só de descobre depois de desembalar. Uma gaja depara-se com todo um novo sentido do uso da imagem de determinado corpo e de uma nova palavra. Não encontra a etiqueta "compro que é nosso" e volta a tomar duche decentemente. 

terça-feira, 13 de maio de 2014

Vagina Dentada



Inicio a participação neste blog com uma dentada, cuja ferrada se deseja cruel no Patriarcado, mas não só... também na Pátria e nos Patrões. Três P´s, portanto ! Três P´s que merecem desdém a partir de reflexões vaginais, uma vez que estas, embora pesem substancialmente na configuração das clivagens de classe, de género e outras que tais, não deixam de ser tendencialmente desprezadas pelos fazedores de opinião e companhia. Ou seja, interpolarei com um ambicioso projeto, onde não haverá espaço à negligência, por um lado, da sabedoria que me aufere as qualidades de possuir uma vagina, e por outro, de uma propalação consciente de fragilidades humorísticas respeitantes certos "membros" da praça pública.


Ps. voltarei mais tarde ao mito da vagina dentada.