sexta-feira, 29 de agosto de 2014

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Como destruir as forças progressistas na Palestina? Silenciar as mulheres perigosas.




Um dos problemas da questão palestiniana é a difícil descrição de como a força ocupante, ou seja o Estado sionista, age no terreno. Com os acontecimentos das últimas semanas, principalmente em Gaza, algumas pistas foram evidenciadas pelos média. Alguns artigos e reportagens, mesmo que esse não fosse o objetivo primeiro, mostraram como perto de 2 milhões de palestinianos sobrevivem numa pequena faixa hermeticamente fechada por mar, terra e ar. Embora diferente, a “modalidade” de ocupação na Cisjordânia é igualmente opressiva. Diferente de Gaza (“sem” presença interna israelita), a Cisjordânia está longe de representar o que os mapas nos mostram. A superfície que visualizamos nos mapas não equivale à superfície à qual os palestinianos deveriam ter acesso segundo as tão famosas fronteiras de 1967. As várias cidades da Cisjordânia são cercadas por check points israelitas. Fundamentalistas sionistas ocupam ilegalmente este território. O Governo israelita compactua com a construção destas colónias e não só cria estradas exclusivas para os seus moradores como dá autorizações para porte de armas. Todos os dias colonos matam aleatoriamente palestinianos, sem que os primeiros sejam julgados. O exemplo do mar morto é interessante para compreender o traçado da Cisjordânia. Se olharmos para um mapa veremos que uma parte desse mar encontra-se situado no interior daquilo que é chamado Cisjordânia, no entanto, as estradas que conduzem a esse lugar de lazer são proibidas aos palestinianos. Ou seja, embora a distância do mar morto possa ser de 15 minutos para alguns, esses alguns não podem usufruir dele.

O que se passa hoje com Khalida Jarrar torna transparente os contornos da ocupação israelita na Cisjordânia. Parlamentar, dirigente do FPLP, militante feminista  (e durante vários anos advogada de prisioneiros políticos), Khalida Jarrar tem sido vítima de uma perseguição sem precedentes. Em 2010, por exemplo, Israel recusou a Khalida Jarrar um visto para fins medicais na Jordânia (ou seja, para os mais desatentos, ninguém sai dos territórios palestinianos sem a autorização de Israel). No dia 20 de Agosto de 2014 a casa de Khalida Jarrar em Ramallah foi invadida por cerca de 50 soldados israelitas, trazendo com eles uma ordem de expulsão. Uma pressão judicial do ocupante é exercida sobre ela para que saia de Ramallah e se instale em Jerico (desde os anos 80 que não se via tal "transferência" na Palestina ocupada). Esta ordem de expulsão interna é reveladora do carácter Kafkiano da ocupação israelita, mas ela esconde sem duvida um sentido lógico de expansão colonial. Para além das grandes cidades da Cisjordânia serem cercadas de check points, o exército israelita, como mostra bem esta ordenação, pode penetrar as cidades… Israel pode expulsar uma pessoa de Ramallah para Jericó, “porque sim”, controlando a sua mobilidade entre cidades com o estatuto de zona A. Este é mais um detalhe que vem dificultar a descrição da ocupação no território da Cisjordânia, uma vez que existem diferentes estatutos segundo a cidade em questão. Ramallah e Jericó fazem parte da zona A, cuja segurança e administração deveriam ser exclusivamente reservadas à autoridade palestiniana. Se na zona A, que corresponde apenas a cerca de 20% do território da Cisjordânia (e 50% da população), Israel atua sem rei nem roque, imagine-se no resto do território. O mandato de expulsão interna a que Khalida Jarrar foi sujeita, para além de mostrar a natureza da ocupação israelita, elucida a estratégia da força ocupante em silenciar as vozes mais progressistas da sociedade palestiniana. O tribunal militar israelita não justificou a “sentença” de deportação, apenas fez alusão a razões de “intelligence information”, o que reitera a ideia de estratégia política israelita visando personagens chave da resistência à ocupação. Claro que a força de intervenção de Khalida Jarrar em Jericó não será a mesma que em Ramallah, justificando-se assim a « deportação ». Khalida Jarrar recusou assinar a ordem de expulsão, respondendo: “you, the occupation, are killing our Palestinian people. You practice mass arests, demolish homes, kidnap people from their homes and deport them. It is you who must leave our home.” As razoes coloniais da expulsão da sua residência em Ramallah encontram-se na sua declaração : Israel tem medo da resistência que luta pela libertação e justiça na Palestina. Khalida Jarrar faz parte dessa resistência. Apoie-se aqui a sua tomada de decisão em recusar a submissão ao projeto sionista.  

Da cona ao coração

tragam-me as putas todas, religiosas, profanas ou outras,/ o meu pénis tem o tamanho de um ceptro/ (e ergue o ceptro que tem cerca de metro e meio,/ e na verdade o sexo dele é até maior um pouco),/ traspasso-as da côna ao coração/ (e que mulher não tremeria de pânico e oculto gozo?),/ e assim passa ele o tempo e o medo e o mundo”

Herberto Hélder 

INTERPOLAÇÃO: esclarecimentos científicos sobre nomes que, nascendo ortograficamente errados, e sem maternidade identificável, se podem retroactivamente constituir como ideias incríveis


INTERPELAÇÃO



«I  shall  then  suggest  that  ideology  “acts”  or  “functions”  in  such  a  way  that  it  “recruits”  subjects among the individuals (it recruits them all), or “transforms” the individuals into subjects (it transforms them all) by that very precise operation which I have called interpellation or hailing, and which can be imagined along the lines of the most commonplace everyday police (or other) hailing: “Hey, you there!” Assuming that the theoretical scene I have imagined takes place in the street, the hailed individual will turn round. By this mere one-hundred-and-eighty-degree physical conversion, he becomes a subject».

ALTHUSSER, Louis, «Ideology and Ideological State Apparatuses (Notes Towards an Investigation)». In Durham, Meenakshi Gigi & Kellner, Douglas M., Media and Cultural Studies – Keyworks. Malden, Oxford e Carlton: Blackwell Publishing Ltd., 2006, pág. 86.

INTERPOLAÇÃO



«In the mathematical field of numerical analysis, interpolation is a method of constructing new data points within the range of a discrete set of known data points.

In engineering and science, one often has a number of data points, obtained by sampling or experimentation, which represent the values of a function for a limited number of values of the independent variable. It is often required to interpolate (i.e. estimate) the value of that function for an intermediate value of the independent variable. This may be achieved by curve fitting or regression analysis.

A different problem which is closely related to interpolation is the approximation of a complicated function by a simple function. Suppose the formula for some given function is known, but too complex to evaluate efficiently. A few known data points from the original function can be used to create an interpolation based on a simpler function. Of course, when a simple function is used to estimate data points from the original, interpolation errors are usually present; however, depending on the problem domain and the interpolation method used, the gain in simplicity may be of greater value than the resultant loss in accuracy.»

In http://en.wikipedia.org/wiki/Interpolation

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Anne Cova, historiadora do ICS, hoje no Público

"A primeira década do século XX é considerada a Belle Époque dos feminismos, que se tornaram movimentos transnacionais. É nesse período que surgem homólogos do CNMP como o Conseil National des Femmes Françaises, fundado em Paris em 1901, e o Consiglio Nazionale delle Donne Italiane, criado em Roma em 1903 . De facto, "1914 teria podido ser o ano das mulheres, mas foi o ano da guerra, que veio repor cada sexo no seu lugar" [5]. Um mês antes do deflagrar da guerra, no dia 5 de Julho, as feministas francesas fizeram uma grande manifestação sufragista junto à estátua de Condorcet, em Paris, marcando o apogeu do movimento feminista. Também nessa altura, em Londres, a National Union of Women’s Suffrage Societies organizou um imenso desfile. Este período de ouro acabou com o desencadear do conflito e as feministas pedem então às mulheres para servir os seus países e deixar de lado as reivindicações e, consequentemente, a obtenção de direitos". "As mulheres foram activistas na Guerra, depois voltaram ao lar"

sábado, 16 de agosto de 2014

"Porque é que há pessoas que têm de nos fazer ver que são gays?!"


São José Correia, porque é que tinhas de nos mostrar que és um bocado parva? 
Um saquinho ficava-te bem. 
Na entrevista a Cláudio Ramos, um momento televisivo que é um estudo de caso para várias ciências em simultâneo.


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A este, então, só lhe saem duques

"Mas a exigência feminina faz muito bem aos homens. Torna a nossa vida mais dura, mas muito mais interessante. Não há nada como uma mulher de qualidade para dar qualidade a um homem". 

O “orgulho gay” e a mulher portuguesa, João Marques de Almeida, 9/8/2014,  In O observador

domingo, 3 de agosto de 2014

Betty Friedan



"Durante o tempo da guerra, na América, era possível ver fotografias de operárias mostrando sorrisos que nunca mais voltariam a ver-se no fotojornalismo dos anos seguintes: sorrisos francos, quase apanhados de surpresa e irradiando confiança numa finalidade comum, na autonomia, na crença do valor próprio.
Acabada a guerra, as mesmas mulheres que tinham sido portadoras desses sorrisos voltaram à sua vida de subserviência. O projecto pós-guerra do Ocidente - de que Betty Freidan nos dá a medida exacta no seu livro A Mística Feminina, a história de uma campanha eleitoral muito mais sofisticada do que a demonizaçao do comunismo, levada a cabo na mesma altura -consistia em provar que a vida real estava de regresso e em restringir a definição de vida real ao consumo mais ou menos satisfatório de bens materiais, no contexto de um sistema de supremacia masculina e de hegemonia corporativa. As novas liberdades descobertas durante a guerra foram expulsas das palavras e cortadas das imagens; o tempo de maior intensidade e plenitude que muitos viveram, na sua própria terra ou longe
dela, passou a ser visto como anomalia e todos os que não conseguiam separar-se disso ou falar desse tempo de acordo com as novas regras, eram catalogados como caso desviante".

Greil Marcus, Marcas de Baton, uma história secreta do século XX, frenesi, p.306.