Lembro-me de decidir, com a ajuda de um artigo que a Teresa Joaquim escreveu há muitos anos (já demasiados, diga-se; nota-se bem a distância daqueles termos), que poderia permitir-me fazer uma tese 'sobre' um filósofo sem que isso traísse aquela que eu achava ser uma das minhas missões feministas de divulgar o pensamento de mulheres.
Olhando hoje para a minha estante de livros, percebo que levava [chamada de atenção para o tempo verbal] essa missão bem a sério e é pouca a poesia ou a literatura que não seja de autoria feminina. Mas voltando à Teresa Joaquim; a autora, licenciada em filosofia, escrevia sobre as suas inquietações quanto à relação entre filosofia, “mulheres”, o “feminino”. Uma das questões centrais, seguindo a filósofa Sarah Kofman, era a dúvida entre escrever sobre mulheres filósofas para lhes dar visibilidade ou escrever filosofia, sendo mulher, construindo um nome que seja seu, contrariando também a tradição de a filosofia se fazer no masculino. Quando questões similares se me colocaram, e apesar de todas as reticências quanto ao que é isso de escrever sendo mulher, escolhi a segunda hipótese (passe a imodéstia aparente).
Agora que há a possibilidade de escrever neste blog de vaginas, e na medida em que sinto cada vez mais que estou em dívida por não ter ainda postado, volta-se a colocar a questão de escolher os feminismos como tema ou como ponto de partida quase imperceptível, mais colocado nos gestos que nos objectos agarrados.
Inclino-me para uma terceira hipótese, aquela que ainda não sei bem qual é mas que ando a ensaiar desde que me deixei de militâncias (o que me pode afastar tanto da primeira hipótese, como das vaginas irmãs). Enquanto lido com as minhas inquietações - e ganho tempo - ficam as da Teresa.
Olhando hoje para a minha estante de livros, percebo que levava [chamada de atenção para o tempo verbal] essa missão bem a sério e é pouca a poesia ou a literatura que não seja de autoria feminina. Mas voltando à Teresa Joaquim; a autora, licenciada em filosofia, escrevia sobre as suas inquietações quanto à relação entre filosofia, “mulheres”, o “feminino”. Uma das questões centrais, seguindo a filósofa Sarah Kofman, era a dúvida entre escrever sobre mulheres filósofas para lhes dar visibilidade ou escrever filosofia, sendo mulher, construindo um nome que seja seu, contrariando também a tradição de a filosofia se fazer no masculino. Quando questões similares se me colocaram, e apesar de todas as reticências quanto ao que é isso de escrever sendo mulher, escolhi a segunda hipótese (passe a imodéstia aparente).
Agora que há a possibilidade de escrever neste blog de vaginas, e na medida em que sinto cada vez mais que estou em dívida por não ter ainda postado, volta-se a colocar a questão de escolher os feminismos como tema ou como ponto de partida quase imperceptível, mais colocado nos gestos que nos objectos agarrados.
Inclino-me para uma terceira hipótese, aquela que ainda não sei bem qual é mas que ando a ensaiar desde que me deixei de militâncias (o que me pode afastar tanto da primeira hipótese, como das vaginas irmãs). Enquanto lido com as minhas inquietações - e ganho tempo - ficam as da Teresa.
A (im)possibilidade de ser filósofa
Procuro contigo a 3a hipótese...
ResponderEliminara dificuldade, parece-me, não é escrever sendo mulher, é escrever não sendo nem mulher, nem homem.
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