Nunca te amigues numa rede social com um escritor vivo de que gostes, as consequências são inusitadas e imprevistas. No último ano li o Mário de Carvalho escrever no seu mural sobre o valor da pátria acima de outros ou como valor em si, li o escritor saudar os valores da civilização ocidental sobre os acontecimentos do Charlie Hebdou, noutro momento a dar vivas à civilização contra não-sei-que-barbárie que habitaria não-sei-em-que-lugar fora dela. A genealogia seria Atenas, Roma, o império de Carlos Magno, o império Austro-Húngaro, a Europa das Luzes, a Revolução Francesa e a as democracias do pós-guerra? Qualquer coisa assim porque essa civilização é a Europa. Esta semana o escritor convida as mulheres (citanto correctamente convida as "senhoras") a apreciarem os atributos físicos dos candidatos masculinos às eleições legislativas em vez de encherem a boca com o "machismo" de algumas intervenções na campanha que versaram as qualidades físicas de candidatas femininas. O círculo completa-se nesta relação estreita entre nação e machismo. Como bem sublinharam algumas camaradas curdas, a existência e a forma do estado-nação está imbricada nas relações de poder entre dominado e dominador, e nestas a desigualdade entre homem e mulher é matricial e necessária. A barbárie está em todo o lado, felizmente.
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