quinta-feira, 3 de julho de 2014

A Voz das Camaradas no Arquivo de JPP


Para além da importante tarefa da defesa da casa (que, embora cabendo a todos os funcionários do nosso Partido, é sobre nós, os quadros femininos, que ela mais recai porque de uma maneira geral estamos mais tempo em casa) quase todas temos outra tarefa, como seja escrever à máquina, trabalhar numa tipografia, etc... Mas esse é o trabalho de todos os dias, ora toda a militante comunista fica com o direito e o dever de colaborar para "A VOZ DAS CAMARADAS" o jornal das camaradas das casas do Partido. Sendo assim e reconhecendo-o todas nós, pelo menos em palavras, não compreendo porque há amigas que prometendo no seu primeiro artigo uma colaboração regular, não mais voltam a aparecer nas colunas do nosso jornal (...) A Redacção do jornal nunca exigiu "discursos", pelo contrário, sempre tem pedido que colaboremos com pequenos artigos, de modo a permitir que todas possam dar a sua colaboração. Ora isto facilita de certo modo o nosso trabalho e não venham as amigas dizer que não escrevem porque não têm assunto, tem dificuldade em escrever ou não acham jeito às coisas que escrevem. Quanto menos escrevemos mais dificuldades temos em fazê-lo. E assunto, umas vezes mais outras menos há sempre. Senão vejamos: a vida cara com a constante subida dos preços dos géneros alimentícios, das rendas de casa (...) o voo sensacional numa nave espacial soviética de Valentina Tereshkova; o decreto farsa publicado em 1963 acerca da prostituição, etc... Isto para só falar em problemas que dizem respeito directamente à mulher. 

Daniela, A Voz das Camaradas, nº 40, Março de 1965


in
Ephemera

1 comentário:

  1. «Hoje soube que a nossa camarada Valentina está no espaço, o que é bonito. Mas agora tenho de ir à mercearia e não posso comprar carne, mas vou comprar toucinho entremeado, que é menos caro, e sempre dá um sabor à sopa. A renda da casa também está cara o que me faz pensar em prostituição e no decreto (farsa) de 1963, mas a superioridade moral das comunistas não me permite. Até amanhã, amigas!»

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