domingo, 30 de novembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Cenas de hoje - telegraficamente mas com hipertexto
No mesmo meio de comunicação social (vá, chamemos-lhe assim, para facilitar...) que parece ser um manancial de disparates - como este, já seminal, e este - surge um texto sobre feminismos que é mais sério e que, porque tento não acompanhar mananciais de disparates, só li hoje e recomendo.
Também soube hoje que, na próxima semana, haverá uma conferência sobre a convenção de Istambul e o direito penal. Apesar de todas as reservas que se me pode levantar um possível entendimento de que a violência de género se resolve no foro disciplinar e penal, estou particularmente interessada em perceber "cenas" como a questão do consentimento na violência sexual (artigo 36º da convenção) e indemnizações (artigo 30º da convenção) - falando apenas de alguns dos casos mais mediáticos e recentes - que é para saber se vou continuar a sentir vergonha da humanidade perante acórdãos como este ou este.
Por fim, Butler sobre Wittig e sobre explicações potenciais acerca de colagens, que reli esta manhã:
«Hence, for Wittig, we might say, one is not born a woman, one becomes one; but further, one is not born female, one becomes female; but even more radically, one can, if one chooses, become neither female nor male, woman nor man. (...) Wittig argues that the linguistic discrimination of "sex" secures the political and cultural operation of compulsory heterosexuality. This relation of heterosexuality, she argues, is neither reciprocal nor binary in the usual sense; "sex" is always already female, and there is only one sex, the feminine. To be male is not to be "sexed;" to be "sexed" is always a way of becoming particular and relative, and males within this system participate in the form of the universal person. For Wittig, then, the "female sex" does not imply some other sex, as in a "male sex;" the "female sex" implies only itself, enmeshed, as it were, in sex, trapped in what Beauvoir called the circle of immanence.»
Também soube hoje que, na próxima semana, haverá uma conferência sobre a convenção de Istambul e o direito penal. Apesar de todas as reservas que se me pode levantar um possível entendimento de que a violência de género se resolve no foro disciplinar e penal, estou particularmente interessada em perceber "cenas" como a questão do consentimento na violência sexual (artigo 36º da convenção) e indemnizações (artigo 30º da convenção) - falando apenas de alguns dos casos mais mediáticos e recentes - que é para saber se vou continuar a sentir vergonha da humanidade perante acórdãos como este ou este.
Por fim, Butler sobre Wittig e sobre explicações potenciais acerca de colagens, que reli esta manhã:
«Hence, for Wittig, we might say, one is not born a woman, one becomes one; but further, one is not born female, one becomes female; but even more radically, one can, if one chooses, become neither female nor male, woman nor man. (...) Wittig argues that the linguistic discrimination of "sex" secures the political and cultural operation of compulsory heterosexuality. This relation of heterosexuality, she argues, is neither reciprocal nor binary in the usual sense; "sex" is always already female, and there is only one sex, the feminine. To be male is not to be "sexed;" to be "sexed" is always a way of becoming particular and relative, and males within this system participate in the form of the universal person. For Wittig, then, the "female sex" does not imply some other sex, as in a "male sex;" the "female sex" implies only itself, enmeshed, as it were, in sex, trapped in what Beauvoir called the circle of immanence.»
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Viva as mulheres do norte, matriarcas macuas, e mulheres do sul como a Chiziane que, não só tenta, como existe
"Os homens não estão preparados. Uma mulher macua, quando não está satisfeita na cama, ela reage. E a comunidade à volta dá-lhe razão porque ela tem direito ao amor e ao sexo. Toda esta gente do patriarcado não entende isto. Essa para mim foi a marca mais forte. O desejo mais profundo de uma mulher do matriarcado é respeitado, por exemplo quando ela diz: “Eu gosto de ti, eu quero casar contigo.” A mulher vai à guerra, vai buscar um homem, enquanto que no patriarcado a mulher tem de esperar que apareça um qualquer.
Eu sou do Sul. A educação que tive aqui é esta: uma mulher não pode dizer o que pensa ou o que sente, tem de obedecer a tudo o que o homem faz. As macuas não. Elas existem, elas reivindicam. Deve ser esta questão que o queniano sentiu.(...)"
Ler entrevista à escritora moçambicana Pauline Chiziane.
Ler entrevista à escritora moçambicana Pauline Chiziane.
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Oh, pá, eu que já sonhava com esse mundo maravilhoso em que as vaginas não cheiram a cona...
Foi tudo uma grande confusão... Um erro de marketing de sócios minoritários que andaram por aí a prometer vaginas com cheiro a pêssego e sabor a Coca-Cola diet. Afinal, Sweet Peach é só um probiótico para melhorar a flora vaginal, uma espécie de iogurte Activia mas para conas, mas uns "silicon valley start-up dudes" acharam que esta era a oportunidade de entrarem nesse incrível mercado de produtos que veiculam a ideia de que as mulheres, se quiserem e consumirem tal-e-quê, podem ser menos nojentas.
domingo, 23 de novembro de 2014
Próximo retiro: Escandinávia
Primeiro museu feminista do mundo inaugurado na Suécia
sábado, 22 de novembro de 2014
Masturbação feminina, eis a questão…
Resposta à questão "quem se masturba?". Ver a tira completa aqui: http://projetcrocodiles.tumblr.com/ |
Sentir-se,
procurar-se, satisfazer-se, conhecer-se, revoltar-se, apropriar-se,
divertir-se, energizar-se, imaginar-se, erotizar-se... a masturbação é um acto
que permite a fuga dos verbos reflexivos. Que não se reserve essa pérola
de prazer apenas aos homens. Maturbemo-nos.
Para as francófilas, bom documentário
este que aqui deixo.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
"Política de género e liderança no Partido das Panteras Negras 1966-71"
Há um grupo feminista que se tem debruçado a traduzir uma mão cheia de textos, alguns editados no país alguma vez recôndita outros a estrear. Traduzem e encontram-se para discuti-los.
O mais recente é de Tracye A. Matthews e dedica-se a estudar ou analisar, através dos discursos e das práticas, a política de género no Partido dos Panteras Negras nos EUA nos anos 60 e 70. Uma leitura estimulante que nos transporta, ao mesmo tempo, para o movimento dos direitos civis e para o movimento mais pujante de emancipação negra a par dos movimentos de libertação colonial.
O texto integral aqui, pelo colectivo bookbloc femininista do rda.
O mais recente é de Tracye A. Matthews e dedica-se a estudar ou analisar, através dos discursos e das práticas, a política de género no Partido dos Panteras Negras nos EUA nos anos 60 e 70. Uma leitura estimulante que nos transporta, ao mesmo tempo, para o movimento dos direitos civis e para o movimento mais pujante de emancipação negra a par dos movimentos de libertação colonial.
O texto integral aqui, pelo colectivo bookbloc femininista do rda.
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Já abortei e estou muito bem, obrigado.
Não há paciência para a reacção que não tem limites, nomeadamente todo e qualquer documento
destinado a adolescentes ou mulheres que estimulem um sentimento de auto-flagelação
preventiva. Ainda assim a vagina dentada achou por bem enviar um mail ameaçando divulgar o porquê do boicote a tal documento.
domingo, 16 de novembro de 2014
A real besta lusitana cumpre o seu dever patriótico, missão de serviço público, ao satisfazer (sabe lá ele!) a madame Agnès que foi decentemente lubrificada (lábios, língua e dedos) antes de ganhar velocidade
«Afonso sai do banho, “ainda molhado de água” (o detalhe do “molhado de
água” é importante), e avança de novo, mas alguém a bater à porta,
possivelmente um ferroviário da CP, “obrigou-o a travar o comboio em
marcha”. Era, afinal, a empregada a trazer o jantar, cassoulet de
cordeiro que o capitão ingere sofregamente, como um porco, entre
“grunhidos de apreciação”. No final, enfartado, arrotou (p. 403). E, mal
arrotou, pousou o tabuleiro no chão e atirou-se à baronesa,
arrancando-lhe o vestido de mousseline e penetrando-a “sem demora”.
Madame Agnès encontrava-se “ainda mal lubrificada”, mas isso pouco
importa àquela real besta lusitana, que se põe “logo a urrar”, após o
que, recolhida ao estábulo, adormece e ronca, dormindo “como uma pedra”.
Só acordaria a meio da tarde, aviando de imediato um canard à l’orange
servido com arroz. Querendo mais festa, ela acalma-lhe os ânimos, mas de
forma elegante: “Oh, lá estás tu na brincadeira, não se pode falar a
sério contigo.” Mas, senhora baronesa, quem é que entra num livro do
Rodrigues dos Santos para falar a sério? Basta dizer que, terminado o
pato com laranja (sem arroto, par une fois), o capitão Brandão sentiu
ser “seu dever patriótico de oficial cimentar a fama dos machos
portugueses junto da comunidade feminina francesa no campo da batalha do
amor” (p. 407). No cumprimento dessa missão de serviço púbico, Afonso
começou por proceder ao levantamento do campo de batalha, explorando
Agnès com os lábios, com a língua e com os dedos, “muito devagar”; numa
subtil manobra, contornou-lhe as curvas macias, procurou-lhe os pontos
erógenos e, de seguida, excitou-a e lubrificou-a. Arrancou-lhe a roupa,
mas com suavidade, “peça a peça”, e “foi lento e metódico até entrar
dentro dela” (a qual, provavelmente, adormecera entretanto). Depois,
ambos “ganharam velocidade” e, a toda a brida, juntaram-se como “corpos
em fogo”. Navegaram um no outro em vagas turbulentas de paixão, com as
águas a agitarem-se com fragor, até que “a francesa (…) se declarou
satisfeita”.» http://malomil.blogspot.pt/.../rodrigues-dos-santos...
Nem na hora da morte a representação do corpo da mulher é dispensada.
Trabalhar numa
agência funerária não deve ser um emprego fácil. Saber representar é um requisito. Para além de
actor os empregados dessas agências têm de possuir competências semelhantes
à dos psicológicos... e ainda aquele “espiritozinho” de comerciante perspicaz. Isto porque receber pessoas que acabam de perder um ente querido pode resvalar
facilmente para uma situação incontrolável. O empregado da agência tem de se
mostrar rapidamente sensível às variações emocionais e empático com a tristeza
alheia, ao mesmo tempo que tem de tirar o máximo proveito financeiro, jogando
com os sentimentos do cliente inconsolado que tem à sua frente. Imagino que o
argumento sobre a dignidade na hora da morte deve primar quando se vende a
opção x ou y de cerimonia, caixão, tratamento do corpo, etc, etc. Fragilizado, o cliente pode dar tudo o que tem para dignificar a vida daquele que já não vive.
Dito isto,
há empresas de construção de caixões, cuja versão clássica da dignidade do
adeus já era. Diz assim o Sr Lindner patrão da fábrica de caixões de marca
Lindner: “um caixão não é um objeto sagrado ou um símbolo religioso, é um pouco
como um móvel. É a ultima cama na qual dormirá para sempre”. Este gajo é sem
duvida um génio, vende caixões como se vendesse carros. Why not? Este tipo de
abordagem não me parece errónea, não fosse o Sr. Lindner
um taradinho adepto do marketing através de corpos nus de mulheres (sob a forma
de um calendário). Não fosse também a genialidade do Sr. Lindner uma banalidade
comercial.
Ou seja, aquilo que poderia ser um bom marketing
funerário, uma vez que foge aos imperativos culturais nos quais o luto da nossa
sociedade se encontra embrenhado, acaba por banalizar e profanar o corpo morto
na sua “ultima cama” (para citar o Sr. Lindner). Isto porque mesmo na hora do
“fim” divulga (os já tão conhecidos) clichés sexistas, nos quais as mulheres
são as grandes vitimas por vezes fatalmente. Mas o que é certo é que o banal marketing de venda do
Sr Lindner tem frutos. Pois é, se perguntasse agora ao leitor deste texto qual
seria a marca de caixão se tivesse de escolher rapidamente um caixão? Penso que "Lindner" seria a resposta, uma vez que para além de desconhecermos outras marcas, por este não ser um produto de consumo quotidiano, a utilização imagética dos corpos
delgaditos femininos foi e é uma fonte de recursos, não fosse a “coisificação”
da mulher a trivialidade da nossa sociedade até na hora do adeus.
Ver aqui o focinho do Sr. Lindner com um sorrisinho asqueroso de ressabiado e ver o dito calendário. Depois disso,
esqueçam este post para que o Sr Lindner não seja o ultimo ser humano a acompanhar-vos na morte.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Fazer broches - tutorial de mulher trintona que já fez alguns
3 coincidências [um bom post que também é um desabafo + um artigo sobre "trintonas" que, surpreendentemente vi no meu feed do facebook (tenho de escolher melhor os meus amigos) + uma espécie de livro do guiness de visualizações a que este post ridículo se candidata, após uma troca de mensagens entre editoras aqui da chafarica] levam-me a partilhar com o mundo um tutorial sobre como fazer os melhores broches do mundo.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Feminismo de aparador
As mulheres do PS têm um Departamento. Nesse departamento têm uma comissão política. "A Presidente da Comissão Política clarificou a alteração da data da reunião, por ausência de confirmações. A acontecer no passado dia 24 teria inutilidade prática por falta de quórum." A presidente da comissão politica apoiava António José Seguro. Precisam de vir para os jornais dizer que a sua presidente tem toda a legitimidade para terminar o mandato apesar de ser segurista e que o Departamento apoia António Costa, futuro primeiro-ministro dos portugueses e das portuguesas. Assim são as discussões profundas que percorrem este feminismo de lapela.
Vale a pena ler o seu plano de actividades onde se lê por exemplo no enquadramento: "A promoção da igualdade de género é, também, um fator fundamental para o desenvolvimento local, funcionando como um elemento estratégico. O desenvolvimento sustentável do território deve assentar na mudança de paradigma ao nível do seu ordenamento, tendo presente os objetivos de conservação da natureza e a proteção da biodiversidade, aos quais não são alheias as interações sociais entre mulheres e homens". Quando autorxs falam em feminismo de direita só pode ser deste ajuntamento patriarcal de género. Se for possível ao termo ser deslocado à esquerda e à direita com a mesma propriedade.
Como saciar um homem na cama…
...ler a revista« feminina » Biba e meter em prática o contrário dos seus
ensinamentos… e ainda no fim da relação fazê-lo crer que acabou de ser
contagiado com a sífilis. Por cada conselho
que se dê a uma mulher como agir na cama com um homem, um peido in your face.